Hoje, 02 de setembro, uma cena digna de novela se desenrolou em Brasília: a primeira reunião técnica para a criação da Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim). A ideia? Integrar instituições, compartilhar conhecimentos e traçar estratégias para desmantelar o crime organizado. Parece nobre, certo? Mas, vamos olhar um pouco mais de perto.
Delegados renomados dos GAECOs de todo o país estavam lá, junto com promotores do Ministério Público, aqueles mesmos que costumam passar mais tempo caçando fantasmas do que entendendo a realidade nua e crua das ruas. Sim, aqueles que acreditam em lendas como o Boitatá e a Mula sem Cabeça, enquanto procuram pelo em ovo que nem casca tem. É com eles que pretendem criar estratégias brilhantes para combater o crime organizado. Difícil, né?
Enquanto os delegados, veteranos na linha de frente, dividem equipes, recebem demandas e há muito tempo criam suas próprias estratégias para combater o crime, os promotores parecem viver em um mundo paralelo, onde o ar-condicionado e as teorias sobre o certo e o errado imperam. E é por isso que a Renorcrim já começa com uma enorme interrogação: como esperar que promotores que raramente pisam nas ruas possam ajudar a criar estratégias eficazes?
E como se não bastasse, essa reunião para criar estratégias brilhantes — ou ao menos justificar a falta delas — sequer considerou a participação dos prefeitos ou dos secretários de segurança pública municipal. Sim, a Guarda Municipal, a maior força de proximidade no Brasil, aquela que conhece cada beco, cada esquina, foi simplesmente esquecida. Talvez não saibam, mas o crime está em todos os lugares, e como bem previsto no SUSP, a Guarda Municipal é, sim, agente de segurança pública. O "esquecimento" foi só mais um detalhe nesse teatro.
O que realmente me incomoda é essa mania de criar grupos de trabalho para "combater" algo que já sabemos como funciona. Perguntem aos delegados do GAECO quais são, de fato, as ações necessárias. Vão ouvir coisas como combater a corrupção, que está entranhada em todas as esferas políticas, inclusive na segurança pública. Mas aí vem a pergunta crucial: como combater o crime organizado quando ele tem braços dentro do próprio sistema que deveria combatê-lo?
Reuniões, e mais reuniões, só trazem desculpas para quando tudo der errado: "estamos estudando caso a caso para criar estratégias...". Mas isso não vai resolver. Talvez, só talvez, o que traga algum conforto seja tratar todos os crimes com o mesmo peso, sem medo de quem fez ou de quem vai fazer, com um Judiciário ágil e rápido nas punições. Mas punições para todos, e não apenas para aqueles que não têm o padrinho certo.
E você, sinceramente, acredita que isso vai dar certo? Eu, por aqui, estou mais inclinado a acreditar na Mula sem Cabeça.
Lamentável , porém só relatou verdades!
Excelente relato camarada!
É lamentável, mas infelizmente o teatro impera, não há vontade real de mudar o cenário da segurança pública.
Excelente análise.