Senhoras e senhores, permitam-me ser direto e talvez um pouco sarcástico. Estamos em uma das cidades mais inseguras do Brasil: o Rio de Janeiro. Uma cidade onde milícias e tráfico dominam comunidades maiores que muitas cidades, impondo sua força com violência e opressão. Os responsáveis por combater tudo isso? Os agentes de segurança pública, principalmente os policiais, que possuem as ferramentas necessárias, como as armas. E onde ficam os Guardas Municipais (GMs) nesse cenário? Em um limbo, sem armamento. Por quê? Sinceramente, não sei explicar.
Então, o que isso causa na prática? Imagine um homem ou mulher uniformizado, com uma viatura caracterizada, fazendo rondas preventivas pela cidade. Preciso falar mais? Quais as chances desse GM se deparar com um assalto, um roubo de banco, um homicídio? Altíssimas. E qual o poder de ação operacional que esse GM terá? Praticamente nenhum. Em muitos municípios do estado, nem mesmo um uniforme decente eles têm. Imagine utilizar o equipamento ideal para proporcionar segurança ao cidadão. Isso, no Rio de Janeiro, não existe. Os Guardas Municipais estão tão expostos quanto a população, inseguros e abandonados pelo poder público, que, mesmo assim, cobra deles ações que nem mesmo o Superman conseguiria realizar.
Alguns defendem que o Guarda Municipal é para cuidar dos bens públicos. Vamos refletir: qual é o maior bem de qualquer município? Nunca será algo material. É o cidadão. Mas mesmo que os GMs fossem recolhidos apenas para a vigilância de prédios públicos, onde processos, documentos e declarações cruciais estão guardados, como eles combatem uma ameaça sem estarem armados? Com simples palavras como "saia daqui" ou "pare em nome da lei"? Ou talvez com um combate corporal? Precisamos parar de viver no mundo da fantasia e encarar a verdade.
Se não houver uma mudança de pensamento e uma ação real dos municípios, podem esquecer a profissão que tanto me orgulho: Guarda Municipal. Não existem meios, respaldo jurídico ou vontade de mudar. Estamos caminhando para o fim. Afinal, heróis têm superpoderes, e nós, Guardas Municipais, não temos nada disso.
É com muita tristeza que escrevo isso. Mas acredito que poucos contestarão o que estou informando. Na região Sudeste, o único estado que não possui Guardas Municipais armadas é o Rio de Janeiro, que, lembrem-se, é o estado mais inseguro da região. Talvez seja compreensível, afinal, estamos falando do estado que teve todos os seus últimos governadores presos. Talvez, de fato, não haja interesse em tratar da segurança pública de forma séria e com resultados efetivos.
E o pior? Saber que o estado já se encontra em um clima de "não tem jeito" e tudo se aceita. Afinal, o Rio de Janeiro não é para amadores. Portanto, informo sem medo: se não houver uma mudança de pensamento e uma ação real, podem esquecer a profissão de Guarda Municipal. Caminhamos para o fim, porque heróis têm superpoderes, e nós não temos nada disso.
A mudança estrutural e funcional das GCMs, somente ocorrerão através da conscientização do próprio GM, de que se faz necessario e urgente, eleger representates comprometidos com os princípios que envolvem a Segurança Pública Municipal e a realidade do munícipio que esta inserido.A estrutura firme e sólida está na base!
Excelente reflexão, me orgulha de fazer parte das mesmas fileiras que tu meu irmão, me sinto representado